sexta-feira, 2 de outubro de 2015

O narrador sou eu

Parceiro,
Não tente falar como um morador da Baixada Fluminense ou como um morador de favela. Não precisamos que falem por nós. A história é nossa. A vida é nossa. O preconceito que sofremos diariamente pelo CEP, pela cor de pele, pelo contracheque, pelo grau de escolaridade, pela orientação sexual, pelo gênero, pelo número de filhos, de irmãos, de parentes que temos, pela linguagem, pelo estilo musical, é algo que vivemos e sentimos na carne. Este preconceito não é teórico, ele é prático e é praticado por uma sociedade que nos hostiliza, que nos explora e nos esquece.
Aí, quando a violência simbólica sofrida durante séculos se concretiza a partir da violência física, surgem vários heróis da última semana, escritores canalhas, querendo, por meio de um senso comum risível, dizer como pensamos, como nos sentimos, como somos.
Meu irmão, quer saber o que penso? Me pergunta, me deixa falar. Colocar palavras na minha boca, invertendo construções e brigas sociais históricas, é fazer o que você e a corja que representa sempre fizeram, violentar o lado mais fraco da corrente.
A história é nossa. Deixa que a gente narra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário