segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Eu, eu mesmo e o futebol

O futebol carioca continua protagonizando o horror. Contribui significativamente, a cada notícia publicada, para as goleadas sofridas pelo Brasil. A divulgação do regulamento do Cariocão-2016 é uma vergonha institucionalizada. Vasco e Botafogo foram beneficiados em questões que são absolutamente nada. Mando de campo, lado de torcida. Este tipo de problema está direta e claramente ligado ao presidente cruzmaltino, Eurico Miranda. A FFERJ, há tempos, é um feudo. E ninguém, absolutamente ninguém se levanta contra isso.

Teoricamente Flamengo e Fluminense estão rompidos com a Federação de Futebol do Rio. Apenas teoricamente. Aqueles que são entusiastas do modelo de Ligas e do futebol moderno acreditam que a dupla fla-flu está se posicionando contra a Federação, ao participarem do campeonato dos pontos cardeais. Seus presidentes não estão preocupados com o campeonato carioca, estão preocupados com verba de patrocínio, com cotas de televisão. Se realmente estivessem a fim de brigarem pelo futebol carioca, buscariam meios de minar a administração de Rubem Lopes e isolar Eurico Miranda. Não é isso que querem. Fortalecem uma liga sem identidade, e sepultam, com a omissão, o futebol do Rio. Todos os políticos do futebol estão acuados. A cúpula da FIFA está ruindo. E os baluartes do progresso o que fazem para combater a CBF? O que fazem para auxiliar os clubes pequenos formadores de jogadores para o futebol brasileiro? Em vez de lutarem contra a CBF, vão lá pedir a benção do Del Nero, outra vergonha.

Antes que me acusem de euriquista ou algo parecido, gostaria de apelar para a memória. Algum torcedor que lê este texto lembra de um gol de título de quaisquer desses campeonatos inventados para suprimir os estaduais? Claro que não. Nem mesmo se este torneio desse uma vaga para a Libertadores. No último jogo do Flamengo, o lateral direito do Urubu fez um golaço de falta, o que ativou a memória dos flamenguistas que recordaram o gol do Pet em 2001. O gol do Pet foi uma espécie de forra do flamengo em relação ao gol do Cocada. No fim, sofrido, emocionante, que deu frio na barriga. Menos na do Renato Gaúcho que, se o frio vier, usa a barriga para empurrá-lo. E por falar em empurrão, quem esquece aquele empurrãozinho dado pelo Maurício, do Botafogo, no Leonardo, do Flamengo?

Estas são algumas memórias que guardo dos Estaduais. Algumas docemente agradáveis; outras extremamente intragáveis. Contudo, memórias, lembranças, que estão ligadas ao fato de terem ocorrido nos estaduais, o que simboliza zoação na escola, no trabalho, no bar. Sempre há um vizinho torcedor do rival. Dificilmente há um vizinho torcedor de um time de um dos pontos cardeais. O Estadual do Rio é muito mais do que um campeonato para tirar o peso das pernas causado pela pré-temporada; é muito mais do que uma fase de testes para o campeonato brasileiro; já foi muito mais do que a Libertadores da América.


É necessário lembrar que muitos dos que brigam pela criação de Ligas (pela salvação do futebol brasileiro) são os mesmos que contribuem para elitização do futebol, que não contribuem para a presença da torcida de seu time no estádio, que estão preocupados com o número de pacotes de première vendidos, que concordam com a realização de jogos às 22h, que vendem o mando de campo dos jogos em casa. Nem tudo é dinheiro. Futebol é paixão. E todos estes, que aí estão, matam um pouco por dia o sentimento do carioca por seu time, por seu campeonato, pelo futebol.

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