O futebol carioca continua
protagonizando o horror. Contribui significativamente, a cada notícia
publicada, para as goleadas sofridas pelo Brasil. A divulgação do regulamento
do Cariocão-2016 é uma vergonha institucionalizada. Vasco e Botafogo foram
beneficiados em questões que são absolutamente nada. Mando de campo, lado de
torcida. Este tipo de problema está direta e claramente ligado ao presidente
cruzmaltino, Eurico Miranda. A FFERJ, há tempos, é um feudo. E ninguém,
absolutamente ninguém se levanta contra isso.
Teoricamente Flamengo e
Fluminense estão rompidos com a Federação de Futebol do Rio. Apenas
teoricamente. Aqueles que são entusiastas do modelo de Ligas e do futebol
moderno acreditam que a dupla fla-flu está se posicionando contra a Federação,
ao participarem do campeonato dos pontos cardeais. Seus presidentes não estão
preocupados com o campeonato carioca, estão preocupados com verba de
patrocínio, com cotas de televisão. Se realmente estivessem a fim de brigarem
pelo futebol carioca, buscariam meios de minar a administração de Rubem Lopes e
isolar Eurico Miranda. Não é isso que querem. Fortalecem uma liga sem
identidade, e sepultam, com a omissão, o futebol do Rio. Todos os políticos do
futebol estão acuados. A cúpula da FIFA está ruindo. E os baluartes do
progresso o que fazem para combater a CBF? O que fazem para auxiliar os clubes
pequenos formadores de jogadores para o futebol brasileiro? Em vez de lutarem
contra a CBF, vão lá pedir a benção do Del Nero, outra vergonha.
Antes que me acusem de
euriquista ou algo parecido, gostaria de apelar para a memória. Algum torcedor
que lê este texto lembra de um gol de título de quaisquer desses campeonatos
inventados para suprimir os estaduais? Claro que não. Nem mesmo se este torneio
desse uma vaga para a Libertadores. No último jogo do Flamengo, o lateral direito
do Urubu fez um golaço de falta, o que ativou a memória dos flamenguistas que
recordaram o gol do Pet em 2001. O gol do Pet foi uma espécie de forra do
flamengo em relação ao gol do Cocada. No fim, sofrido, emocionante, que deu
frio na barriga. Menos na do Renato Gaúcho que, se o frio vier, usa a barriga
para empurrá-lo. E por falar em empurrão, quem esquece aquele empurrãozinho dado
pelo Maurício, do Botafogo, no Leonardo, do Flamengo?
Estas são algumas
memórias que guardo dos Estaduais. Algumas docemente agradáveis; outras
extremamente intragáveis. Contudo, memórias, lembranças, que estão ligadas ao
fato de terem ocorrido nos estaduais, o que simboliza zoação na escola, no trabalho,
no bar. Sempre há um vizinho torcedor do rival. Dificilmente há um vizinho
torcedor de um time de um dos pontos cardeais. O Estadual do Rio é muito mais
do que um campeonato para tirar o peso das pernas causado pela pré-temporada; é
muito mais do que uma fase de testes para o campeonato brasileiro; já foi muito
mais do que a Libertadores da América.
É necessário lembrar
que muitos dos que brigam pela criação de Ligas (pela salvação do futebol
brasileiro) são os mesmos que contribuem para elitização do futebol, que não
contribuem para a presença da torcida de seu time no estádio, que estão
preocupados com o número de pacotes de première vendidos, que concordam com a
realização de jogos às 22h, que vendem o mando de campo dos jogos em casa. Nem
tudo é dinheiro. Futebol é paixão. E todos estes, que aí estão, matam um pouco
por dia o sentimento do carioca por seu time, por seu campeonato, pelo futebol.
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