Talvez o calendário Maia realmente apenas aponte o início de
um novo ciclo, assim como acontece todo dia primeiro de janeiro; “talvez o
mundo não seja pequeno e nem a vida um ato consumado”; talvez definitivamente
exista uma possibilidade de algum evento cósmico ocorrer... talvez... talvez...
O que impressiona não é a imprecisão do talvez, mas a
maneira com a qual as pessoas tocam suas vidas... e se realmente fosse o fim do
mundo... terminaríamos assim... cheios de viciados em crack perambulando por aí...
com os estádios para a copa do mundo prontos, e os corredores dos hospitais
funcionando como enfermaria, CTI e sala de repouso... sem ter diminuído a miséria
e atenuado a fome e a dor do povo nordestino... sem efetivamente ter
dignificado o sexo feminino... sem ter abolido o preconceito em todas as suas
manifestações... étnicas, sexuais, religiosas e afins... sem realmente ter
feito valer a pena esse curto instante entre o nascer e o morrer...
Muitos são os problemas que evidenciam que o caos está
instaurado e que definhamos e que morremos um pouco todo dia... de fome, de
medo, de intolerância, de inércia, de pressa, de ansiedade, de depressão, de
amor – ainda há aqueles que sofrem por amor, de ignorância, de pedantismo, de
puritanismo...
Diante de tudo e de nada, talvez o melhor realmente fosse o
Juízo Final... não... definitivamente não... os Maias realmente erraram, pois não
há como acontecer um julgamento tão importante em dezembro... eles esqueceram
que, pelo menos no Brasil, a Justiça está de férias – não nos esqueçamos que,
por vezes, a justiça trabalha... aparece... basta olhar para as periferias...
Uma última e não menos importante palavra... Se o mundo não
acabou... pelo menos a importante discussão acerca de tão grandioso
acontecimento acabou com a onda de violência em São Paulo... pelo menos no
noticiário da Globo.
Beijos nos sobreviventes.