quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

casa

Do décimo primeiro andar da Uerj observo o movimento. Contudo me atrapalha a leve brisa no rosto. Se fosse um tufão, talvez revirasse a vida. Como é uma simples viração, apenas faz cócegas no âmago e causa reflexão. Avisto prédios, pessoas e favelas (todas iguais). De longe, do alto de minha indiferença, não notaria se os barracos estivessem de ponta-cabeça. De perto, não me aproximo. Proximidade afeta. É dolorido explicar o asco que produz o concreto. Reproduzo o que produzo. Olho para o lado da Tijuca. Tudo deveria ser simples, mas não é, pois não é nada; não há nada, se quer houve. Todavia, prédios variados e enormes, porém os mesmos. A diferença entre eles consiste nas pessoas que não vejo. São apenas moradores. Digo Tijuca (acredito que é para lá que olho), mas poderia ser Mangueira. Não; Mangueira jamais. Lá brota luz que reflete o zinco. Sobram sangue e suor. No concreto falta vida, sobram sangue, suor e esforço... outras coisas. “As coisas”. Lá vai um táxi, outro táxi, ainda outro, mais... trinta e oito táxis em setenta e nove segundos... Exatidão questionável, não o sentimento... Se é mentira se é verdade... fica a cargo de quem? E tudo me provoca uma vontade única: descer, tomar meu trem e voltar para “algum lugar”.

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